domingo, 29 de março de 2009

O PRIMEIRO FORAL DE MOURAZ E AS GRANDES CRISES

É precisamente num documento datado de 1198 que o Mosteiro de Lorvão, Aires Ramires e sua mulher Elvira Pais, aparecem como novos senhores de Mouraz, dando carta de foral aos seus habitantes e a todos os povoadores que lá quisessem construir as suas casas e amanhar terras:

«In christi nomine. Ego alfonsus laurbanensis abbas et omne eiusdem monasterii capitulum, et ego arias Ramiriz et uxor mea Eluira paaiz facimus kartam uobis hominibus qui populare uultis in uilla que nominatur mauraz (…)».

Na carta de foral encontram-se definidas normas que regulam as relações entre os moradores ou povoadores de Mouraz, e entre estes e os outorgantes. Nela são fixados os tributos, em géneros, que os moradores deveriam pagar a Aires Ramires e ao Mosteiro de Lorvão, sendo as respectivas quantidades definidas por fracções das respectivas produções e em quantidades, consoante as categorias de impostos: a sétima parte dos cereais (pane), a oitava do vinho (uino); trigo (tritico); galos (caponem) e galinhas (gallinam), e os que matassem porco (porcum) davam o gorazil (quarazil). Os proprietários de habitações estavam obrigados a pagar “fugaza” (fumádego, fumagem ou fogaça), um imposto que incidia sobre as casas onde se acendesse o lume. E os moradores pobres que tivessem casa mas não cultivassem terras apenas teriam de dar um galo, uma galinha e dez ovos. Tudo isto era devido a Aires Ramires e sua esposa.

In Mouraz História e Memórias, António Fernando Dias de Almeida